Inferências negativas

Marcelo Castello Branco

O carteador constantemente tira inferências das cartas jogadas pelos atacantes: saídas de honra usualmente indicam que o jogador possui a honra imediatamente inferior; saídas de cartas altas sugerem que o jogador está curto ou não possui honra no naipe; inúmeras são as situações onde o carteio é baseado em tais deduções.

E existem situações mais sutis. Por exemplo, ao eliminar uma mão para forçar os adversários a atacar um naipe onde tem Ax na mão e Q10 no morto; podendo os adversários escolher quem ganha vaza, se o LHO ganhar a vaza é quase certo que o K esteja com o RHO.

Tudo isto é bem conhecido e tratado em artigos e livros. Um tema correlato, mas onde a literatura é escassa, é o de Inferências Negativas.


Este ganha de K e continua com J o 10 e o 4. Uff...paus 4 a 4. Uma espadas e dois ouros são descartados do morto. Oeste ao ganhar a última vaza de paus joga espadas para o A seco do morto.

Agora, dependemos do naipe de ouros para ganhar o contrato. Cuidadosamente, o carteador bate o A de ouros – os adversários servem cartas pequenas – e joga três rodadas de copas terminando na mão e nota o naipe 3 a 3. Joga ouros da mão; LHO joga o 9. E agora?

Vamos pensar um pouco. Jogar o A, esperando ouros 2 a 2, implica em considerar que mão do LHO tem a distribuição 4324; fazer a finesse supõe uma distribuição 3334. No primeiro caso o LHO com 4 espadas e 4 paus teria saído paus com A765 ou espadas com 4 cartas?

Julgando que a saída de paus, no caso, “sugere” que o Saidor não deve ter 4 espadas, faz a finesse de ouros Sucesso!.